Christopher Nolan sabe ser um bom diretor. Não uso o verbo saber por acaso. Quando se põe a serviço do roteiro, produz obras interessantes, como “Amnésia”, a trilogia “Batman” ou “Dunkirk”. Em outros momentos, parece mais interessado em exibir técnica do que contar uma boa história, casos de “A origem” e “Interestelar”; virtuose, porém, que conquista público.
Baseado em dois livros que narram os bastidores da elaboração da bomba atômica, Nolan constrói um drama histórico com tintas de ficção científica em “Oppenheimer”. Felizmente, permite que os atores brilhem mais do que truques de câmera ou efeitos especiais, centrando neles a força da obra.
Com o perdão do trocadilho, o talento do elenco explode na tela. Em nova parceria com o cineasta, Cillian Murphy hipnotiza com o amálgama de obrigação patriótica e angústia com que molda J. Robert Oppenheimer, considerado o pai da bomba atômica. Também merecem destaque Robert Downey Jr, Emily Blunt e Matt Damon. Há ainda participações luxuosas de Kenneth Branagh e Gary Oldman.
Tecnicamente impecável, “Oppenheimer” oferece uma nova prova de que o talento de Christopher Nolan é mais bem empregado quando o propósito – refletir sobre o sentido das guerras – precede a engenharia fílmica.
Imagem: Oppenheimer (2023), de Christopher Nolan