Nem feliz, nem triste

Não sabia onde procurar a felicidade; tampouco, se deveria ou a merecia. Será que me escaparia por entre os dedos como a água do mar que eu tentava aprisionar na palma da mão?

Tinha muitas dúvidas, nenhuma resposta e uma única certeza: eu não era feliz e sabia, numa literal inversão do famoso dito popular. Se a felicidade não era para mim, só me restava aceitar o destino.

Porque não era feliz, deveria ser necessariamente triste? No labirinto das emoções em que me perdia, tinha a sorte de não ter achado também a saída para a tristeza.

Eu era um rosto incógnito no vai e vem frenético da cidade. Mais um na multidão, como qualquer pedestre daqueles que atravessam as ruas de Tóquio.

Jamais perceberiam se eu sorrisse ou chorasse, porque gozava da mediocridade que a apatia me conferia. Sem a pretensão de ser alguém, eu era um ninguém conformado, nem feliz, nem triste.

Imagem: Happiness and sadness of life (2020), de Purvasha Roy

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