Herdei dos meus pais o saudável hábito de consumir frutas. Para mim, nenhum dia começa bem sem uma fatia de melancia ou de melão (pode ser o amarelo, o laranja, o pele de sapo…). Outro costume hereditário é deixar tudo já cortado em potes para facilitar o consumo. Foi em um dos momentos em que cortava uma melancia que me atentei para a necessidade (urgente, talvez) de sugerir uma série de mudanças para quando os desenvolvedores das frutas forem atualizá-las.
Começaria pela própria melancia. Precisa mesmo ter tanto caroço? Será que não teria nenhum jeito de condensá-los em um maior – como o do abacate, por exemplo -, que garanta a desejada eficiência no plantio? Que os desenvolvedores possam encontrar uma maneira de eliminar tantas pequenas sementes (sobretudo, as brancas) que sempre se escondem da faca ou do garfo e vão parar debochadamente na boca. Uma fruta tão grande, suculenta e vistosa merece uma atualização caprichada.
Sei que o ditado diz que tamanho não é documento, mas ele pode fazer uma enorme diferença. Não entra na minha cabeça que alguém tenha tido a ideia de colocar jaca para dar em árvore. Com a ajuda da internet, descobri que uma fruta madura pesa, em média, quinze quilos e que uma jaqueira pode chegar facilmente aos vinte metros de altura. Perceberam o perigo? Acho que esse não é nem caso de atualização, é de recall mesmo.
Aproveitando o gancho, que tal trazer também o coco para mais perto de nós? Não é porque se trata de uma fruta menor e comparativamente mais leve que ela não representa uma ameaça. Lembro de um comercial antigo de uma rede de postos de gasolina em que um motorista se recusava a estacionar no sol para não estragar a pintura e acaba estacionando debaixo de um coqueiro. Lei de Murphy: um coco cai e amassa o capô. Se faz este estrago no carro, imagina na nossa cabeça! Se não for pedir muito, poderiam incluir também uma tampa para facilitar a beber a água.
Daria para pedir mais uma série de melhorias em outras frutas, como maior durabilidade, cascas mais resistentes e fáceis de abrir ou até cheiros mais discretos para não denunciar o consumo em público. Mas considero as outras – já detalhadas neste texto – mais importantes e urgentes. Imaginando que o volume de trabalho dos desenvolvedores deva ser bem grande e que programação seja quase um bicho de sete cabeças (ao menos para mim), é melhor não abusar. Deixemos para uma próxima atualização.
Imagem: ‘Still life with watermelon’ (2019), de Юлия Перепелкина
Pedro,
Por estas frutas que você citou e outras talvez possamos considerar que a banana sim, é perfeita: macia, sem caroço, fácil de descascar e na porção certa para uma pessoa. Não precisa de aperfeiçoamento!
Abraços!
Concordo plenamente! As bananas são uma obra-prima: design e funcionalidade perfeitos.
Bem, já existe melancia sem sementes e eu fico a me perguntar, como viram novas melancias?
Mas acho perigosa essas suas considerações e explico, nós laboratórios por aí já mudaram tanto e tanto as nossas frutas que, de repente, providenciam uma tampa para o coco e, colocar o abacate em ramas. rs
Mas não estava convocando os cientistas a atualizarem as frutas, não. Meu pedido era direcionado à natureza.
Eu entendi isso, mas vai que algum cientista ouve e se empolga. Kkkk