Amor é amor, não importa a forma como ele se manifesta. Apesar de parecer uma conclusão óbvia, não é. Terry Donahue e Pat Henschel precisaram esconder da família (e da sociedade) por mais de seis décadas que não eram primas, e sim um casal. Elas se conheceram e passaram a morar juntas no fim dos anos 1940, época em que homossexuais eram perseguidos, perdiam empregos e se suicidavam por terem suas existências negadas e não serem aceitos como eram.
Produzido pela Netflix e lançado neste ano, o documentário ‘Secreto e proibido’ (‘A secret love’, no original), de Chris Bolan, reconta – com farto e impressionante material de arquivo – a belíssima história de amor entre as duas. Depois de tantos anos juntas, elas se questionam se não seria a hora de finalmente se casar, ainda que oficializar a união perante uma sociedade que as fez viverem reprimidas a vida inteira signifique muito pouco diante da estrada que trilharam.
Outra questão com a qual precisam lidar é a debilidade física. Por causa do mal de Parkinson, Terry tem dificuldades de realizar algumas tarefas domésticas. E o fato de morarem sozinhas nos Estados Unidos, enquanto os parentes moram no Canadá, faz com que a família de Terry se ressinta da reticência de Pat – também já idosa – não só em não aceitar a mudança, mas também em insistir em cuidar da mulher sozinha. Sobre este ponto, são impressionantes a sinceridade e a forma desabrida com que os personagens do documentário falam sobre suas percepções e suas relações de afeto.
Foram muitos os percalços que Terry e Pat enfrentaram, vivendo suas identidades apenas dentro de casa ou na presença dos amigos mais íntimos. O medo da descoberta da relação amorosa era tanto que elas rasgavam a parte inferior das cartas que escreviam uma para outra para que quem por ventura as pegasse não descobrisse o remetente. Mais de 60 anos se passaram para que elas pudessem ser finalmente livres. E é a liberdade – e uma bela história de vida a dois – que ‘Secreto e proibido’ celebra ao longo de quase uma hora e meia de duração. Como diz Terry em determinado momento, “amor é amor, e isso é o mais importante”.
Foto: Netflix/divulgação
Vou assistir! Essas histórias eram tão comuns… triste.
É triste mesmo ver o quanto elas poderiam ter vivido melhor sem ser em segredo, mas, por outro lado, é bonito ver a história que construíram juntas.